FUI O PRIMEIRO HOMEM SOLTEIRO A ADOTAR EM SANTA CATARINA
- Jairo Lunardi

- 21 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Vim morar em Chapecó em 1999, sempre foi meu desejo ter filhos, em 2004 iniciei meu processo de adoção no fórum da cidade, passei por todas as etapas de entrevistas, mas demorou mais que o normal, o processo parou 6 meses na mesa da promotora. O motivo é que ela nunca tinha liberado a adoção para um homem solteiro, ficou com receio que eu não soubesse cuidar de uma criança recém nascida. Fiquei na fila por 3 anos.
Lara nasceu em 3 de abril de 2007, conheci ela no hospital ainda no dia da páscoa, ela tinha 5 dias, e na segunda dia 9 às 19h consegui a guarda provisória. Por um ano fui acompanhado pela assistente social do fórum, o prazo normal seria 6 meses para adoção definitiva, como o meu caso era atípico e era o primeiro caso de um homem solteiro a adotar em Santa Cataria, o juiz decidiu prorrogar a guarda provisória.
Nos três primeiros meses não permiti que outra pessoa desse banho na Lara, fui um pouco possessivo, mas sempre me virei bem nos cuidados do dia a dia, depois arrumei uma babá, que ficava durante dia com ela para que eu pudesse trabalhar. Lara sempre foi uma criança calma e saudável.
Desde que me tornei pai aconteceram muitas transformações, principalmente na forma de ver a vida, o tempo, a dedicação, fiquei mais atento a coisas pequenas, passei a aproveitar mais a companhia da família e dar valor a coisas que antes pareciam pouco importantes.

A PSICOLOGIA ME AJUDOU
Por ser psicólogo a educação dela foi algo natural e tranquilo, no consultório eu atendia muitos pais com seus problemas familiares, na hora de cuidar, de orientar e acompanhar as necessidades dos filhos e isso me ajudou.
Minha maior dificuldade sempre foi escolher as roupas dela, seja na hora de comprar ou de vestir e arrumar os cabelos também não era tarefa fácil. Agora ela já é uma pré-adolescente, no auge dos seus 13 anos, com suas angustias que faz questão de compartilhar, melhor assim. Mas nós homens não somos tão observadores, não nos atentamos aos detalhes, enquanto no meu ver tudo está bom, para ela falta algo, ela quer que eu a elogie, comente e acho que não sou bom nisso.
Desde sempre ela sabe que foi adotada, mas o importante é que a vida segue normalmente, com muito amor e carinho. Ela vai pra escola, estuda em casa, ajuda na tarefas domésticas, está sempre junto em todas as coisas que faço, somos muito caseiros.
Adotar é um ato de amor, e construir uma família é um ato de coragem e força, ainda mais para um homem solteiro, ou melhor um pai solteiro.





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